O mito do andrógeno diz de um primeiro momento onde homem e mulher eram um só ser, com quatro pernas e quatro braços, sendo posteriormente separado por deus, tornando-se assim dois, guiados pelo eterno desejo de fazer um novamente.
Lacan, ao pensar esse mito, reflete a impossibilidade de que dois possam vir a fazer um. Na ordem da identidade, homem e mulher – significantes estes que não se inscrevem no inconsciente –, podem ser vistos como papéis de linguagem, sendo assim, essas posições nunca chegam a se concluir como algo substancial, binário.
Na dimensão do gozo, temos o gozo feminino, e o gozo masculino, dimensões essas que não se encontram, que não se somam, que encontram ali duas noções distintas do gozar sexual.
Então, com Lacan, podemos dizer que “um” não faz “dois”? No nível da fantasia, não é possível atingir o outro, pois a minha fantasia insere o outro no lugar de objeto do qual ele não corresponde, da mesma forma em que o outro me coloca em um lugar de objeto, do qual eu não correspondo.