O eu e os outros: Narcisismo primário e secundário | Estádio espelho.

Moraes, B. O eu e os outros: Narcisismo primário e secundário. Espaço Penseé, 2020.

Quem poderia ser mais belo que o “eu” se não o outro que em mim reside? Mas afinal, que outro é esse que também sou eu?

Narcisismo primário e secundário

Freud se utiliza do mito do narciso para pensar a estrutura do eu, em que momento acontece o surgimento desse “eu”. Em um primeiro momento, aquela coisa que ainda não é um sujeito, o bebê, vivencia o narcisismo primário, uma espécie de autoerotismo, posteriormente em um segundo momento, vivendo um narcisismo secundário com o surgimento do outro.

Estádio espelho.

Para Lacan, no estádio do espelho ocorre uma alteração da imagem do eu. Assim, este momento de imagem refletida no espelho, marca a separação do Innenwelt com o Umwelt, o mundo interno e o mundo externo. O mundo interno será agora apropriado através de identificações com o mundo externo, que lhe serão oferecidas por aquele que ocupa o lugar de Outro, isto é, por aquele no qual encontro a minha representação.

O eu e os outros

Aqui, desvela-se a necessidade de se ser mediatizado pelo desejo do Outro, afinal é o Outro quem diz “você é este no espelho”, marcando o destino do sujeito. O sujeito se reconhece no espelho através do Outro, instaurando-se o eu, desde sempre narcísico, e será a imagem refletida, o eu ideal, base das identificações que acompanharão o sujeito daqui por diante.

Fixa-se uma imagem mental do eu que acarreta o seu fado alienado, como coloca Lacan (FERREIRA-LEMOS, PP, 2011): É essa imagem que se fixa, eu ideal, desde o ponto em que o sujeito se detém como ideal do eu. O eu, a partir daí, é função de domínio, jogo de imponência, rivalidade constituída.

Na captura que sofre de sua natureza imaginária, ele mascara sua duplicidade, qual seja, que a consciência com que ele garante a si mesmo uma existência incontestável (…) não lhe é de modo algum imanente, mas transcendente, uma vez que se apoia no traço unário do ideal do eu (…). Donde o próprio ego transcendental se vê rivalizado, implicado como está no desconhecimento em que se inauguram as identificações do eu (Lacan, 1960/1998, p.823).


Então é possível pensar que o “Eu” também é o outro?

Referências:

FERREIRA-LEMOS, PP. Sujeito na psicanálise: o ato de resposta à ordem social. In: SPINK, MJP., FIGUEIREDO, P., and BRASILINO, J., orgs. Psicologia social e pessoalidade [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais; ABRAPSO, 2011, pp. 89-108. ISBN: 978-85-7982- 057-1. Available from SciELO Books .

Lacan, J. (1998a). Duas notas sobre a criança: opção Lacaniana, 21 (pp. 5-6). São Paulo: Eólia. (Original publicado em 1969).

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Psicólogo Bruno Moraes

@bruno-moraes – Psicólogo
@Psicanalisenacultura

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